Pastoral
O preço de uma alma
Por Pastor
Renato Apolinário Novais
O Homem é apontado na Bíblia como a mais preciosa e grandiosa criação de Deus. A elaboração do Megaprojeto Universal visava exatamente a montagem da estrutura onde promoveria o seu desenvolvimento e evolução até a consumação do trabalho criativo programado para ser concluído no fim do sexto dia criativo.
(Gênesis 1:27) - E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
(Gênesis 1:28) - E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
(Gênesis 1:29) - E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.
(Gênesis 1:30) - E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.
(Gênesis 1:31) - E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto. (itálico, grifo e negrito acrescentado)
A existência de direito desse personagem remonta a uma época anterior àquela que passou a ser medida pelo tempo, a Eternidade. Incubado espiritualmente nas profundezas do Altíssimo desde sempre, veio a tornar-se existente de fato no tempo e no espaço a partir da formação do seu corpo físico, passando a fazer parte integrante do todo, no âmbito da terceira dimensão, para ser mais exato, no Jardim do Éden. Ali estando, multiplica-se e dá sequência à sua caminhada.
Em sua trajetória terrena sofre a queda pelo pecado, porém é remido e resgatado pelo sangue de Jesus, morto na cruz em preço do resgate e, finalmente, glorificado com Cristo e assemelhado ao seu Criador (I Jo 3:2), tornado-se assim, depois de consumada, a “Obra Prima” do Criador. Tg 1.18 “...Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas...”.
Entendo que ser classificado como "primícias" não é tão somente porque a criatura referida ali é a sua primeira idéia, mas, também porque ela ocupa o topo, o lugar mais importante em seu amor e atenção. No âmbito da terceira dimensão fomos ou estamos sendo criados somente no sexto dia, indicando a criação do Homem como sendo a última criação antes do descanso divino programado para o sétimo dia (Hb 4:3,4). Reveste-se também de importância também o fato de que quando esta criatura aqui referida se afastou do plano primordial, o investimento para sua recuperação foi tão alto que nem o valor de todo o Universo poderia ser comparado ao preço que foi pago (Sl 49:7-8).
Que preço foi esse?
A morte por suplício do próprio Criador era o preço exigido. Nada poderia ser mais caro do que isso.
Se o preço foi tão alto, que mercadoria é essa que se pretendia resgatar?
Sabe qual foi a “mercadoria” que custou preço tão grande?
Você. Eu. Nós. Somos o produto daquele pagamento.
Sabe porque Ele se dispôs a pagar o preço mesmo sabendo o quanto seria alto?
Sim. É isso mesmo! Ele nos amou.
Temos muito valor.
Ele sabia que valia a pena investir. Jamais Ele o faria se não tivesse em conta o resultado do seu investimento. Veja o que disse o profeta Isaías: “...O trabalho da sua alma ele o verá e ficará satisfeito; com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si...” (Is. 53:11)
Alguém poderia argumentar que ele já sabia que viveria de novo pela ressurreição após a sua morte, porém pense na humilhação pela qual Ele passou. Lembra-se da cena do Getsêmani? No Getsêmani foi travada a maior de todas as batalhas do Universo. Ali o Senhor da Vida foi confrontado pelo mal em função do meu e do teu pecado.
O constrangimento a que Ele foi exposto é algo inimaginável porque o confronto foi como se eu estivesse lá sendo representado por Ele e, como meu representante, Ele tivesse que falar por mim, em meu lugar.
Imagine você ter que comparecer diante da Justiça terrena para responder por algo comprometedor efetivamente praticado por outra pessoa, e você tivesse que responder como se fosse você mesmo quem tivesse praticado o ato criminoso.
Digamos que você nunca tenha feito algo de mau e nem sequer sabe o que falar. O que responder? Colocar-se no lugar do pecador seria bem fácil para um outro pecador, mas... e Ele? Ele não tinha experimentado aquele sentimento de culpa que cada um de nós sente pela prática do pecado, porém mesmo assim tinha que fazer alguma coisa porque disso dependia a redenção de todos nós. Algo impensável.
Não. Não foi o sofrimento físico e a morte, dos quais foi vítima, que satisfez o preço. Isso era somente uma parte. A parte que o aterrorizou a ponto de levá-lo a verter sangue pelos poros estava localizada em um nível de profundidade que poucos podem chegar a imaginar. Sim, o preço era muito maior. A cobertura do valor da dívida deixada pelo pecado exigia que, assim como nosso pecado atingiu extremos da maldade, de igual forma aquele que estava incumbido do resgate deveria pagar o preço nas mesmas instâncias alcançadas pela pecaminosidade e avançar em sua humilhação até alcançar o mesmo nível deixado pelos rastros da maldade humana e quem sabe ultrapassá-lo a fim de cumprir, com sobejo, a missão de trazer de volta o amado ser que fora seqüestrado pelo mal. Também isso era, agora, parte da dívida, devendo ser, de igual forma, lançado na conta do Redentor.
A redenção em plenitude teria que percorrer todas as dimensões que foram antes percorridas pelo pecado em ação para que, da mesma maneira, fosse neutralizado o efeito danoso resultante da sua prática.
A cena da cruz é o ápice de todo esse processo. Foi lá que tudo se consumou.
"Tetélestai"
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